Praias de enseada
Praias de enseada podem ser definidas como uma linha de costa arenosa limitada por afloramentos rochosos ou promontórios, naturais ou antrópicos, onde está assume uma forma curva (Klein, 2004). Estas praias tendem a desenvolver forma assimétrica, caracterizada por uma área de sombra próxima ao promontório rochoso e protegida da energia das ondas, marcada por uma região fortemente curvada, região central com curvatura suave e a outra extremidade com características mais retilínea (figura 01), geralmente em paralelo a direção predominante dos trens de ondas incidentes (Silvester & Hsu, 1997).
Figura 1:Esquema que representa os principais componentes de uma praia de enseada. Fonte: Vargas et. al. (2002).
Em uma praia de enseada, a incidência obliqua e o gradiente de altura das ondas ao longo da costa promovem o transporte longitudinal de sedimento, sendo responsáveis pelo formato em planta da praia, moldando-se transversalmente a direção de ataque predominante das ondas (Hsu & Evans 1989).
Silvester & Hsu (1993) definem que praias de enseada podem estar em equilíbrio de duas formas: equilíbrio estático e dinâmico. No equilíbrio estático a praia está em uma situação estável, o transporte longitudinal é nulo (assume-se que não há entrada ou saída de sedimento da baia), os trens de ondas dominantes entram paralelos a linha de costa na região desabrigada e quebram da simultaneamente em toda a praia, por isso quase não existe deriva litoral liquida. No entanto, se houver transporte ativo (entrada ou saída de sedimentos) e a praia se encontrar em um estado instável, pode-se dizer que a mesma está em equilíbrio dinâmico, para esta situação a deriva litorânea e o fornecimento sedimentar são fatores determinantes na manutenção da faixa de praia.
Alterações morfológicas são geralmente ocasionadas por fatores que modificam a trajetória natural de chegada das ondas na praia, sejam elas a existência de barreiras físicas naturais, como ilhas e promontórios rochosos ou construções, como molhes, quebra mares e plataformas (Short & Masselink, 1999).
Diversas equações analíticas tem sido proposto para descrever uma forma que melhor se ajuste a linha de costa em praias de enseada, entre elas destacam-se as equações Logaritmo Espiral (Yasso, 1965), a equações Parabólico (Hsu & Evans 1989) e a equações Hiperbólico (Moreno & Kraus, 1999). De acordo com Klein et al. (2003) o modelo que melhor representa a forma em plantas destas praias é a de Hsu & Evans (1989) por não apresentar apenas uma formulação matemática que define a linha de costa a partir de dados geométricos, incluindo em seus cálculos parâmetros relacionados a direção da onda predominante e do ponto de difração das ondas, possibilitando assim que os feitos da mudança destes parâmetros sejam medidos.
Ao aplicar a equação parabólica de forma manual, pode-se notar que este procedimento é trabalhos e demorado, devido aos repetitivos passos que devem ser aplicados. Constatando-se então que a aplicação da equação poderia ser agilizada e facilitada com o auxílio de processamentos computacionais, o que justificou a implementação de um sistema que simulasse a aplicação da equação parabólica para o equilíbrio em planta de praias de enseada, com o desenvolvimento do aplicativo MEPBAY, facilitando o aprendizado do tema (Lausman et al. 2010).
REFERÊNCIAS:
- Hsu, J. R-C., Evans, C. Parabolic Bay Shapes and Applications. In: Institution of Civil Engineers – Part 2, 1989, Londres. Proceedings… Londres: Thomas Telford, 1989. p.557-570.
- Klein, A.H.F., Vargas, A., Raabe, A.L.A., Hsu, J.R.C. Visual assessment of bayedbeach stability with computer software. Computers & Geosciences 29, 1249–1257. 2003.
- Klein, A.H.F. Morphodynamics of Headland Bay Beaches. 450 p. Tese de Doutorado (Ciências do Mar) – Universidade do Algarve, Faro, Portugal. 2004.
- Moreno, L.J., Kraus, N.C. Equilibrium shape of headland-bay beaches for engineering design. In: Proceedings of Coastal Sediments ’99, Vol. 1. American Society of Civil Engineers, New York, pp. 860–875.
- Short, A. D., Masselink, G. Embayed and structurally controlled beaches. In: Short, A. D. (Ed.). Handbook of Beach and Shoreface Morphodynamics. New York: John Wiley & Sons, p.230-250. 1999.
- Silvester, R., Hsu, J.R.C. Coastal Stabilization. Advanced Series on Ocean Engineering. 14. Singapore: World Scientific, 578p. 1997.
- Silvester, R., Hsu, J.R.C. Coastal Stabilization: Innovative Concepts. Prentice-Hall, Englewood Cliffs, NJ. 578 pp. 1993.
- Vargas, A., Klein, A.H.F., Raabe, A.L.A., Modelo de Equilíbrio em Planta de Praia de Enseada, Itajaí. 2002.
- Yasso, W.E. Plan geometry of headland bay beaches. Journal of Geology 73, 702–714. 1965.
- Lausman, R., Klein, A.H.F., Stive, M., Uncertainty in the application of Parabolic Bay Shape Equation: A case study, Coastal Engineering, 2010.